domingo, 28 de janeiro de 2024

Polícia Federal vê indício de organização criminosa na ABIN

 A  Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã da última quinta-feira (25) a operação “Vigilância Aproximada”, no âmbito da investigação do uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro. Foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão em Brasília, Juiz de Fora (MG), São João Del Rei (MG) e no Rio de Janeiro. O principal alvo desta operação foi o ex-diretor da Abin e atualmente deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). A operação é um dos desdobramentos da operação “Última Milha”, que investiga o uso de um software espião produzido em Israel e que teria sido usada de forma criminosa pelo governo Bolsonaro.

Em nota, a PF afirmou que: “As provas obtidas a partir das diligências executadas pela Polícia Federal à época indicam que o grupo criminoso criou uma estrutura paralela na Abin e utilizou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações”, diz o documento. Os policiais estiveram no gabinete e apartamento funcional de Ramagem. Em poder do deputado foram encontrados um telefone celular e um notebook pertencente à Abin. O mais grave: a própria agência registrou que ele havia devolvido esses equipamentos, o que, descobre-se agora, não o fez. Além destes equipamentos também foram apreendidos documentos e 20 pen drives, contendo, segundo a PF, informações referentes à agência. Os computadores do gabinete de Ramagem foram apreendidos também.

A suspeita da Polícia Federal é de que Ramagem esteja envolvido no uso ilegal do software First Mile, de fabricação israelense, e de outros dois softwares. O First Mille foi adquirido para ser usado pelo Exército ainda no governo Temer e foi largamente utilizado durante o governo do inelegível. De acordo com a Polícia Federal, o software seria capaz de monitorar até 10 mil números de telefone a cada 12 meses.

Há a suspeita que não só os adversários políticos de Bolsonaro eram monitorados, mas também ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), governadores e jornalistas.

Até o momento, acredita-se que os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes tenham sido alvos do monitoramento ilegal. Além deles, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (União Brasil-RJ), a ex-deputada Joice Hasselmann e o ex-governador do Maranhão, atualmente ministro da Educação, Camilo Santana, que teve a sua casa espionada por drones, também estariam entre os alvos do esquema ilegal. Além do monitoramento, a investigação apontou uma tentativa de vincular os nomes dos ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes ao grupo criminoso Primeiro Comando da Capital (PCC).

Fonte: Site The Intercept/ Leandro Demori

Foto: Portal Terra



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